sexta-feira, 8 de março de 2013


 Olá queridos amigos internautas, quero, primeiramente, pedir desculpas por ter  me ausentado do meu Blog por alguns dias e também aproveitar a oportunidade para lhes agradecer por todas as mensagens de amor e solidariedade recebidas. Devo dizer que essas mensagens têm me ajudado a curar o meu coraçãozinho tão ferido. Obrigada do fundo do coração. Eu os amo muito.
            Queridos amigos, a internet é mesmo um sucesso internacional!  Vejam vocês, 
        já são mais de mil acessos à  minha história. Minha dor já correu o  mundo.  Meu 
        Blog foi visitado em vários países. Isso não é fantástico?!



A Fuga



            Devido aos terríveis acontecimentos de que já são sabedores, eu, Luiza, a mulher que precisa de todos os abraços do mundo, num momento de profundo desamparo, decidi fugir do meu Sítio, em São Vicente de Paula, 3° Distrito de Araruama, RJ. Estava confusa e desesperada, sentia-me envergonhada pela situação. Meu pensamento era "preciso me esconder por uns tempos, preciso refletir no acontecido". A ficha precisava cair ou eu enlouqueceria de vez...

            Fugi do meu Sítio na manhã do dia 24/02/2013. Fato curioso: não me lembro como cheguei à pracinha de São Vicente, não me lembro como peguei o ônibus em Araruama com destino à rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro. Tudo o que eu sei é que cheguei lá, acho que acordei lá. Faltavam 15 minutos para as duas horas da tarde e eu me vi sentada num banco dentro da rodoviária Novo Rio. Eu me lembro que os meus olhos estavam passeando pelas placas luminosas das cidades, colocadas acima dos guichês. Sentia-me aturdida e muito confusa. Orei e pedi a Deus que me clareasse as ideias. Deus me ouviu. Logo tomei pé da situação. Continuei olhando as placas das cidades, sentia-me calma, um oásis invadia todos os meus sentidos. Ali, em meio a  multidão indiferente, pela primeira vez em muitos dias de dor e desamparo, finalmente, um oásis me invadia, tirava toda a minha sede, tirava toda a minha fome. Aí, amigos, eu me senti um gigante, me senti tão forte e poderosa. Meus olhos passeavam, passeavam e pousaram levemente sobre a placa luminosa de S. João Del Rei, MG. Fiquei em silêncio e disse baixinho pra mim mesma: -É pra lá que eu vou. Em seguida, dirigi-me ao guichê e comprei a passagem. Saí às 14  horas da Novo Rio.
          Durante a viagem, eu orei ao Senhor Deus. Pedi a Ele que reservasse um lugar seguro para que eu passasse aquela noite. Fiquei muito tranquila e confiei nEle. Em seguida, acho que cochilei um pouco. Olhei pela vidraça do ônibus e comecei a admirar a paisagem que passava rápida diante dos meu olhos. Uma sensação de bem-estar inundava todo o meu ser. Meu coração já não doía tanto e um raio de esperança surgia, devagarinho, e penetrava em mim como o frescor do orvalho da manhã.
          Amigos, meus familiares não sabiam onde eu estava. Nunca havia viajado sozinha e no entanto, não havia em mim nenhuma preocupação. A viagem transcorreu tranquila, sem incidentes. Tudo perfeito e, finalmente, cheguei a cidade de S. João Del Rei. Não me lembro exatamente a hora. Só sei que já estava escuro. 
          Desembarquei e perguntei a uma mocinha sentada num banquinho, se ela sabia de algum hotel familiar ali nas redondezas da rodoviária. Ela sorriu, apontou em direção à rua e disse: -Ali, ta vendo? "Hotel Pais e Filhos", é só atravessar a rua. Eu agradeci, peguei minha bolsa, atravessei a rua e cheguei ao "Hotel Pais e Filhos" que, para mim começou a chamar-se "Caverna de Elias".
          No dia seguinte acordei cedo, sentia-me melhor, desci para o café da manhã, logo comecei a fazer amizades (sentia muita necessidade de falar) com os donos do Hotel, com os funcionários. Sou muito agradecida às pessoas do "Hotel Pais e Filhos", pelo modo como me acolheram, o carinho e amor que dispensaram a mim. 
          Em todos os lugares onde vou falo do meu Blog. Estou fazendo grandes amigos em S. João Del Rei. Todos têm uma palavra de conforto, um abraço carinhoso. Creio que Deus me trouxe a este lugar. 
         Hoje ainda estou hospedada no "Hotel Pais e Filhos". Aqui sinto-me em casa, tal é o amor com que sou tratada e cuidada. É um grande conforto para mim saber que existe tanta bondade e tanto amor na maioria das pessoas. Graças a Deus por isso...
         Agora vem a parte curiosa da história, da minha história.
         Amigos, sinto um desejo imenso de ficar, definitivamente, neste lugar que e acolheu tão bem. Sinto-me insegura em pensar num novo recomeço na minha cidade. Será desafiadora a vida sozinha, morando sozinha, sem o homem da minha vida, o homem com  quem vivi 40 anos. Vocês conseguem compreender isso? Estou com muito medo.
        Por outro lado, se escolher morar aqui em São João Del Rei, sentirei saudades dos meus filhos, dos meus netos tão queridos e tão amados. Neles estão toda a minha esperança, todo o meu "acreditar" no ser humano. Quero vê-los crescer, preciso vê-los crescer. Eles são tudo o que tenho. Eles são minha carne e minha herança e eu sou a herança deles. Preciso deixar para os meus filhos e netos algo mais valioso do que o ouro e a prata: o meu poder de superação diante da adversidade. Preciso deixar para eles a minha honradez e o meu espírito invencível.
          Um dia os meus netos contarão para os filhos deles: - Minha avó precisou de todos os abraços do mundo e venceu o mundo.


Eu, Luiza
(escrito durante a viagem, em S. João del Rei)