Toda
pessoa tem o direito de contar sua história e eu, usando de toda
verdade e sensatez decido contar a minha. Assim, viajo
para o meu passado distante, época em que tinha de 7 a 8 anos de
idade.
Nessa narrativa me esforcei para ser coerente justa e
omitir nomes, uma vez que não sei quantas pessoas
tiveram responsabilidade na destruição do meu do casamento. Só
reconheço duas pessoas, mas DEUS conhece os envolvidos
nesta trama diabólica, e é que fará justiça, pois a
justiça dele é na justa medida.
Queridos amigos internautas, o meu pai era alcóolatra, e minha mãe,
não suportando mais viver com ele, devido aos terríveis
maus tratos que sofria, tomou a decisão de sair de casa com os
quatro filhos mais novos.
Eu, meus irmãos e minha mãe, fugindo da fúria de meu pai que
estava possesso e bêbado, saímos de casa desorientados. O medo nos
consumia. Era uma noite de tempestade. Minha mãe nos agasalhou
como pode, colocou esteiras velhas sobre nossas cabeças e saímos da
nossa casa em direção à escuridão da mata. O medo do nosso pai
quase nos paralisava mas continuávamos andando, ora nos
trilhos, ora dentro da mata. A escuridão da noite nos favorecia mas
ao mesmo tempo nos causava um pavor terrível.
Estávamos encharcados pela chuva e açoitados pelo vento.
Vez ou outra ouvíamos nosso pai rosnando nossos nomes como um cão
raivoso, sobretudo o nome de nossa mãe, ele gritava: - mulher, se eu
te pego, eu vou te matar. Quando a voz dele ficara mais
audível, sabíamos que ele estava bem próximo de nós, minha
mãe nos empurrava para dentro das moitas e diria
baixinho. Quietos, quietos. (Esse tormento não aconteceu só uma
vez em minha infância, mas muitas, muitas vezes).
Naquela noite, como em todas as noites que aquele tormento
ocorria, minha mãe queria, desejava ardentemente chegar a um destino
que a salvaria da fúria de nosso pai. A casa da sua comadre e grande
amiga.
Eu, minha mãe e meus irmãos caminhávamos em fila indiana e depois
de muito caminhar, exaustos, acoitados pelo vento e encharcados pela
chuva, chegamos finalmente à casa da grande amiga comadre de nossa
mãe (considerávamos essa mulher uma santa) Todas as vezes que
saíamos de nossa casa, fugindo da fúria impiedosa de nosso pai,
essa mulher maravilhosa nos acolhia, nos abrigava em sua casa com um
carinho extremado, trocava as nossas roupas molhadas e nos
aquecia à beira do seu fogão de lenha, enquanto preparava uma
comida gostosa para nós Todos nós e mais ainda a nossa mãe
sentia uma gratidão imensa por essa mulher tão solidária e amiga.
Numa dessas noites traumáticas, em que meu pai nos escorraçou de
nossa casa, aconteceu um fato terrível, fomos dormir e quando
amanheceu, todos nós acordamos, menos a nossa mãe. A comadre dela
foi até o quarto e se deparou com um quadro nada animador.
Nossa mãe fazia na cama, imóvel, com os dentes cerrados e os olhos
abertos. Quando a vimos naquelas condições, ficamos desolados e
desesperados. A comadre de nossa mãe, imediatamente, nos retirou do
quarto e pediu que esperássemos nossa mãe melhorar, sentadinhos
embaixo da jaqueira. Chorávamos todos juntos, abraçados e dizíamos
em soluços: O que será de nós sem a nossa mãezinha. Quem cuidará
de nós.
A comadre de nossa mãe, que era muito ativa, começou a
tomar atitudes. Pediu a meu irmão mais velho que pegasse
o cavalo e fosse até a farmácia busca o farmacêutico (não
havia médico na cidade onde nasci naquela época). Meu irmão saiu
em disparada, enquanto o pavor e o abandono tomava conta de nós, tão
pequenos e indefesos. Naquela época, nossa mãe era nosso porto
seguro, nossa riqueza, nosso tudo...
Uma hora depois, o farmacêutico
chegou, examinou nossa mãezinha e disse: - Ela está em choque, está
traumatizada, devido a muito sofrimento. O farmacêutico pediu que
nós saíssemos do quarto, e esperássemos a manhã inteira, de novo,
sentadinhos embaixo da jaqueira. Lembro-me que nos ajoelhamos e
oramos a Deus para que Ele curasse nossa mãezinha. O que seria de
nós sem ela?
Depois de muito tempo, fomos
convidados a entrar no quarto, minha mãe havia voltado a si, foi
melhorando devagar, mas ainda estava muito pálida e fraquinha.
Olhávamos com os olhos cheios de lágrimas. O olhar dela para nós
era tão triste, tão vazio e tão sem esperança... Era de cortar o
coração.
O farmacêutico aconselhou à
comadre de minha mãe, que procurasse um parente, alguém que pudesse
ir até lá, na roça e nos socorresse. Então, a comadre chamou meu
irmão mais velho, deu a ele um dinheiro, e o mandou a Araruama, para
informar a meu cunhado, marido de minha irmã, do ocorrido.
À tardinha, já com o sol se
pondo, meu irmão estava de volta, trazendo meu cunhado com ele (eles
chegaram num jipe, que naquela época, era usado como taxi na
cidadezinha).
A comadre expos os fatos para o meu
cunhado. Disse que não seria mais possível a convivência de minha
mãe com meu pai. Daí, meu cunhado nos levou para sua casa, em
Araruama.
Minha irmã casada a apenas um mês,
de repente se viu com a casa cheia (cinco pessoas). Ela deve ter
ficado impactada com a situação repentina (e de modo algum tiro a
razão dela). Minha irmã nos recebeu, relativamente bem, porém
depois de algum tempo as coisas começaram a ficar bem difíceis para
todos nós. Meu cunhado e minha irmã logo expuseram à minha mãe as
regras e a condição para que ficássemos morando com eles.
Regra nº 1 - Teríamos que
obedecê-los e trabalhar, (teríamos tarefas diárias).
Regra nº 2 – Minha mãe teria que
ser submissa a eles, ou seja, eles nos alimentavam, nós morávamos
na casa deles, então eram eles que ditavam as regras e nos e nossa
mãe teríamos que obedecer. Quando acontecia da minha mãe se
revoltar e dizer alguma coisa, meu cunhado gritava com ela: - Quem dá
o pão, dá o ensino.
Regra nº 3 – Minha mãe saiu para
trabalhar como lavadeira em casa de família, afinal teria que ajudar
no sustento dos filhos.
Regra nº 4 – Meu irmão mais
velho também teve que ir trabalhar num supermercado.
Sentia muita pena de minha mãe,
pois o trabalho era muito duro para uma mulher tão frágil como ela,
mas ela suportava tudo calada pois precisava de moradia para seus
filhos.
É triste dizer isso, mas só
víamos um pouco de humanidade em nossa irmã nos natais. Nos natais
tudo ficava diferente, ela comprava presentes para nós e os
escondia. Na véspera de natal, ela colocava nossos sapatinhos na
janela e no dia seguinte, quando acordámos lá estavam nossos
sapatinhos cheios de presente. Minha irmã dizia na véspera do
natal: - Vamos dormir cedo para que Papai Noel possa entrar pelo
buraco da fechadura, se vocês estiverem acordados, ele vai embora e
não deixa os presentes. Nós éramos tão inocentes que
acreditávamos piamente no que minha irmã dizia. (Até hoje vejo o
natal como uma data mágica, isto por quê na minha infância só
conhecia a alegria do natal).
Cada dia que passava, mais e mais
minha irmã se revolta contra nós, e para nossa tristeza, minha mãe
passava todo dia fora de casa, ficávamos, literalmente, nas mãos
dela e ela era pessoa mais dura e cruel, que até então havia
conhecido. Chegávamos sempre a uma conclusão óbvia: Com a nossa
fuga para Araruama trocamos apenas de ditador; na roça era nosso
pai; em Araruama era nossa irmã, a nossa ditadora.
Todos nós tínhamos tarefas
diárias a executar e minha irmã exigia perfeição absoluta. Ela,
nossa irmã controlava o tempo para sairmos de casa para a escola
(cinco minutos) o que não era suficiente, pois a escola focava
distante. Assim, o jeito era correr como loucos para chegar à escola
antes da batida do sinal. Chegávamos suados, exaustos e esbaforidos.
Nossa vida não era, propriamente, uma vida alegre de criança.
Vivíamos acuados pelo medo, sobressaltados, pois tudo era motivo
para surras e castigo. O passatempo preferido de minha irmã era nos
deixar sem comer. Pelo motivo mais banal, ela dizia simplesmente: -
Hoje você não vai comer...
E aquele que fosse escolhido do dia
passava o dia todo sem comer, e ainda sentindo o cheirinho bom que
vinha das panelas. O que suavizava a nossa fome eram os biscoitos
velhos que a minha mãe ganhava das patroas. Tarde da noite nossa mãe
nos oferecia os biscoitos e tínhamos que come-los , debaixo das
cobertas, em silencio. Abençoados eram aqueles biscoitos velhos que
abrandavam a nossa fome e nos ajudava a adormecer.
Com o passar do tempo minha irmã
se tornava cada vez mais desumana e perversa. Um dia jamais
esquecerei: Minha irmã mandou fazer um banquinho, a fim de que eu
alcançasse a pia para lavar as louças. Depois que às lavei, peguei
o pano de prato e, inocentemente joguei o pano de prato no ombro.
Para meu azar, minha irmã me observava naquele exato momento. Ela
não perdeu a oportunidade para me aplicar uma lição que eu jamais
esqueceria. Primeiro ela ordenou que eu tirasse toda a minha roupa,
inclusive a calcinha. Quando eu, desesperada pelo medo, perguntei o
por que. Ela disse com ar de satisfação: Quero você sem roupa para
doer bastante. Fiquei totalmente nua no meio da cozinha. Só pensava:
Cadê minha mãe...
Minha irmã parecia fria e muito
calma. Pegou o pano de prato, molhou embaixo da torneira, em seguida,
o torceu bastante, até formar um rolo comprido. Então, começou a
me torturar. Ela urrava: - Sua porca, agora você vai aprender a não
fazer mais isso. Dito isso começou a m surrar com o pano de prato
molhado e torcido. Batia no meu rosto, em minhas costas, pernas,
braços. Enfim, onde o pano pegava. Ela só parou o terrível flagelo
quando eu desfaleci no meio da cozinha. Sentia uma tontura e um gosto
de sangue me veio à boca. Lembro-me vagamente dela me arrastando
para o quarto e me cobrindo com um lençol. Adormeci, pensando em
minha mãezinha, ansiava pelo colo dela... Naquele momento
necessitava tanto da minha mãe como do ar para respirar...
Acordei à tardinha com o corpo
estranho, dormente e doía muito. Passei a mão na testa e estava
queimando em febre. Dei graças a Deus, quando ouvi os passos de
minha mãe chegando do trabalho. Ouvi quando perguntou para minha
irmã: - Onde está a minha filha? Ao que ela prontamente respondeu:
- Está no quarto. Minha mãe pressentiu algo e correu para o quarto,
onde eu queimava de febre com ferimentos por todo o corpo. Minha mãe
retirou o lençol que cobria o meu corpinho e deu um grito
apavorante: - Você ainda vai matar um filho meu um dia você vai
pagar por tanta maldade!
Depois do desabafo, minha mãe
olhou longamente para mim. Seu rosto era de total desamparo. Em
seguida, ela se recompôs, encheu uma bacia com água morna e sal
grosso, ali mesmo, no meio do quarto e começou a me banhar
suavemente. Nunca esqueci: As lágrimas de minha mãe caiam dentro da
bacia.
Na minha inocência de criança eu
não conseguia compreender por quê a minha irmã me odiava tanto, a
mim e a meus irmãos e esse ódio perdura até hoje, e meu coração
doí muito por isso. Minha irmã me amaldiçoava todo o tempo, me
chamava de porca, dizia que eu nunca iria me casar por que eu era uma
porca (e eu era apenas uma criança).
Um dia eu perguntei à minha mãe:
- Mãe é verdade que eu não vou casar por que eu sou porca? Minha
mãe me respondeu com a voz firme: - Filha, maldição sem causa, não
procede, tire isso da cabeça, você não é porca e você vai se
casar com um homem maravilhoso, terá filhos e netos, será uma
pessoa próspera e na autoridade do Espirito Santo, o tempo vai
passar e um dia sua irmã terá uma “porca” dentro da casa dela e
essa “porca” lhe trará muita vergonha.
Uma coisa que nos assustava era o
fato da minha irmã ter uma espécie de satisfação para fazer o que
era mal. Bem, tinha o que chamávamos de Robi Maquiavélico. Durante
as madrugadas, como tínhamos hábitos de fazer xixi na cama, ela não
dormia, passava toda a noite nos apalpando para ver quem estava
mixado. E quando finalmente ela conseguia encontrar um de nós
mixado, aí ela exultava de satisfação! Era hora de punir o mijão
da forma mais cruel possível. Então, ainda dormindo, erámos
arrancados de nossas camas, aos gritos e pontapés. Ela nos arrastava
até o tanque, esfregava os panos mixados em nossa cara e, com gritos
e palavrões nos obrigava a lavá-los. Ainda sonolentos, com o frio
cortante da madrugada, nus, desorientados as lágrimas escorriam
pelas nossas faces e a humilhação nos esmagava até a alma. E o
pior era a dor de não compreender o motivo de tamanho ódio.
Naqueles momentos terríveis nós ouvíamos o choro de nossa mãe. O
sentimento era de total desamparo e se a morte viesse, seria um
grande alívio para nós.
Queridos internautas, agora daremos
um pulo no tempo. Entrei na fase adolescente, felizmente já não
morávamos mais com nossa irmã, éramos livres, finalmente livres.
(Nessa época, perdi um irmão dois anos mais velhos que eu, 6 anos
era a sua idade, até hoje não sabemos, ao certo, a causa do seu
falecimento).
E, depois de tantos anos de dor,
aos dezenove anos, feliz e apaixonada, me casei com um homem
maravilhoso. Tivemos três filhos lindos e perfeitos e, ao longo dos
anos, à custa de muito trabalho e muita decência nós começamos a
prosperar. Eu nunca trabalhei fora, mas ajudava o meu marido sendo
econômica, não fazendo exigências de coisas que ele não tinha
condições de comprar, estimulando-o a voltar a estudar (ele hoje é
um advogado bem conceituado e bem sucedido financeiramente). Eu
sempre fui uma mulher inteligente, cheia de talentos para as artes
(escrevo e pinto). Sempre andei na minha integridade, nos princípios
morais que a minha mãe me ensinou...
Bem, o tempo passou e quando minha
sobrinha (filha da minha irmã que me odeia) tinha mais ou menos
vinte anos ela me procurou, foi até a minha casa pedindo que a
ajudasse, pois estava doente e não tinha condições de se tratar
sozinha. Eu, prontamente, a aceitei em minha casa.
Cuidei dela com carinho e dei a ela
o tratamento médico de que precisava. Afinal, ela era minha sobrinha
e eu a amava muito, não consigo precisar o tempo que essa moça
ficou hospedada em minha casa, mas creio que foi por três meses mais
ou menos,
Bem, continuando a história, essa
moça tinha um noivo que ia visitá-la em minha casa e quando ela foi
embora, a mesma estava grávida, e por isso se casou logo em seguida
à sua saída de minha casa. Essa hospedagem da minha sobrinha foi
mais ou menos no ano de 1988. (Detalhe: minha sobrinha não me
convidou para o casamento).
Passaram-se os anos e em 1999 (não
sei se é realmente este ano, pois ainda existe muita coisa a ser
desvendada nesta história) minha sobrinha procurou meu marido
(advogado) para que ele fizesse a sua separação, meu marido aceitou
ajudá-la e foi assim, que juntos tramaram a terrível traição
contra mim. Diz o meu marido que ele não queria mas ela o perseguia,
usava de todos os meios para seduzi-lo, até que se tornaram amantes.
Ainda, segundo o meu marido, isso aconteceu há 15 anos. Fica a
duvida e a pergunta que não quer calar. A traição dupla começou a
15 anos? Ou a traição dupla começou em 1988, quando a hospedei em
minha casa?
É tão deprimente para mim
concluir que existia no mundo pessoas tão más, que se valem da
inocência das pessoas para tentar destruí-las. Hoje concluo que
tanto meu marido quanto minha sobrinha são tão pobres e tão podres
que chego a sentir pena e nojo deles.
Caros leitores, vocês se lembram
da profecia da minha mãe, com relação da minha irmã sempre me
chamar de porca? A primeira intenção da minha sobrinha quando
tramou roubar meu marido foi ter um idiota para sustentá-la, isto
por quê ela nunca trabalhou, nunca fez nada na vida, sempre foi uma
pessoa inútil, porca (sua casa é um lixo), preguiçosa, sem
habilidades ou talentos para coisa alguma e, pior que tudo isso, uma
tremenda mal caráter. Enfim, este traste não possui competência
moral, tampouco espiritual para procurar um homem descompromissado
com outra pessoa e se unir a esse homem de modo honrado e decente.
Caros leitores, meu marido foi
embora, mas não foi morar com essa porca, ele alugou um apartamento
onde mora sozinho. Sabem por que ele agiu assim? Porque ele morava
numa casa limpa, linda e acolhedora. Ele comia muito bem, e suas
roupas eram muito bem lavadas e bem passadas. E querem saber mais
sobre este arremedo de mulher, ela é feiticeira e todo o tempo agiu
com a ajuda do diabo (seu amigo de todas as horas). Não há nessa
mulher nenhum temor de Deus, ela não sabe que o diabo só age na
vida de uma pessoa com a permissão de Deus. E Deus só dá essa
permissão por que a pessoa é escolhida dele e ele quer prová-la,
quer ver um crescimento espiritual nessa pessoa. Por tudo isso sou
muito agradecida a Deus pela dor que tenho sentido, pela rejeição
imposta a mim de modo tão cruel, pela decepção, por ter sido
enganada por tantos anos pela pessoa que mais amei e a quem dediquei
toda a minha vida.
Um recado a minha irmã e minha
sobrinha:
Sinto-me vitoriosa, escolhida de
Deus, sinto-me em Paz. À noite, durmo o sono dos anjos por que minha
consciência está em paz. E vocês, conseguem dormir à noite?
Obrigada Senhor Deus, por ter me
mostrado a verdade e que a tua justiça seja feita. Eu te entrego
esta causa, sejas tu meu juiz. Obrigada pela dor. Ela me ensinou a
ser uma pessoa melhor.
OBS: minha irmã é “evangélica”
há mais de 30 anos.
Com grande pesar
Eu, Luiza.