segunda-feira, 6 de maio de 2013

Diálogo entre irmãs

Caros leitores, eis que de novo reapareço, (ainda desabafando) desta vez mais consciente, depois de ter refletido muito, ter pensado muito nas traições terríveis infligidas a mim, que acreditava tanto na beleza e suavidade das pessoas.
Amigos, vocês não sabem como é bom conversar com vocês sobre minha vida. Nesses momentos não há máscaras, não há engodos, somente a claridade, a transparência paira serena sobre minha mente. Ah, amigos, caminhar na verdade é uma das melhores coisas que podem acontecer a um ser humano. Acredito que, infelizmente, muitas pessoas na minha situação fariam como as avestruzes, enfiariam suas cabeças embaixo da terra e, sentindo-se pequenas e destruídas definharam até a morte. Mas eu, Luiza, sou diferente da maioria das pessoas. Eu vim ao mundo para fazer a diferença no mundo. Não direi a vocês que não tenho chorado, pois tenho chorado, afinal, sou humana, mas, amigos vou lhes confessar: Tenho gritado e como gritado. Acredito que gritar chama a atenção e sabem por que quero chamar a atenção do mundo? Fora ensinar ao mundo que ninguém pode alcançar a felicidade, roubando, enganando, e traindo. Outros seres humanos. Ninguém é feliz à custa da infelicidade dos outros. Ninguém.
Bem, a finalidade desta postagem é, positivamente, mostrar a vocês uma visita que fiz a minha irmã, depois de ficar sabendo de toda a traição a mim infligida (tripla traição).
Foi assim que aconteceu: Minha filha disse para mim: - Mãe vamos até a casa da minha tia, quem sabe descubramos alguma coisa sobre essa sujeira toda... E respondi: - Vamos filha, mas antes orar e pedir ao Espírito Santo que nos revele a verdade. Afinal, ele é o dono da verdade... Dito isso, entramos no carro e fomos até a casa de minha irmã. Eu, durante o trajeto, me sentia um pouco ansiosa, afinal não sabia como ela me receberia... Havia uma expectativa no ar... Eu me sentia confiante, afinal, eu, como esposa traída, tinha o direito de conhecer toda a verdade dos fatos e, como mulher inteligente que sou, começaria pela fonte, ou seja, pela irmã que, ao longo da vida sempre odiou, sempre me amaldiçoou sem nenhuma razão para isso. (Para entender leiam "Maldição sem causa não procede").
Amigos leitores, quando estacionamos na frente da casa de minha irmã, saímos do carro, batemos palmas e ela apareceu na porta e veio nos receber no portão. (Agora, quero que prestem bastante atenção na conversa estabelecida entre eu, minha irmã, minha filha e os dois filhos de minha irmã que lá estavam presentes. Prestem atenção e tirem suas próprias conclusões à respeito de culpa ou não culpa envolvimento ou não envolvimento da minha irmã nessa traição lasciva e doentia).
Bem, voltamos ao portão dela, no momento em que nos recebeu a mim e a minha filha. Bem, ela veio ao nosso encontro (quero dizer que minha irmã já é uma mulher idosa mais ou menos 75 anos). Ela é evangélica a mais de 30 anos, usa roupa nós pés, faz parte de uma igreja evangélica tradicional e não corta os cabelos desde que se tornou evangélica. No conceito de minha irmã cortar os cabelos é "PECADO" um ato de traição a Cristo.
Queridos leitores, assim que minha irmã chegou ao portão, ela abriu somente o necessário para pôr a cabeça para fora. (Agora, pergunto a vocês, é desse modo, que se recebe uma irmã dilacerada pela dor? Dor essa causada por sua própria filha).
A primeira frase que minha irmã disse para mim foi a seguinte: - Eu queria morrer, eu queria morrer! Eu, sinceramente, senti fingimento naquelas palavras, e eu e minha filha nos entreolhares. Houve uma pausa de segundos. Acho que ela pensou... Vão embora, o que estão fazendo aqui? Mas para surpresa dela não arredamos pés. Nós, eu e minha filha nos sentíamos gigantescas. Em seguida, minha irmã sem outra opção disse: - Quer entrar? Ao que eu respondi prontamente: - Poxa, minha madrinha; deixe-nos sentar, pelo menos na sombrinha da varanda. (Fazia muito calor e o sol estava quente). Ela abriu mais um pouco o portão e nós entramos no quintal, nos aproximamos da varanda. Antes de sentarmos na pilastra da varanda, minha filha olhou para cima, e fez um comentário sobre o telhado da casa da minha irmã. Minha filha disse: - Tia, a senhora sabia que eu descobri que meu pai e sua filha eram amantes através deste telhado? E prosseguiu: - É. Eu li uma mensagem no celular do meu pai que dizia: - Oi amor, já posso começar o telhado? Ao ouvir isso, notei que minha irmã ficou pasma, mas retrucou: - Não. Esse telhado custou meu dinheiro, o meu dinheiro! Dito isto, logo em seguida, se contradisse: - É, mas sobrou um restinho de telha e de madeira, estão ali embaixo, ela fez uma pausa, e completou: - Se quiserem levar?! Ora, ora, pra bom entendedor meia palavra basta, não amigos? Primeiro ela, minha irmã, disse veementemente, esse telhado custou o meu dinheiro!!!
E logo em seguida ela diz: Mas se quiserem levar... Isso só tem sentido pra mim. Se o telhado era dela, custou o dinheiro dela, por que ela nos mandaria levar o resto. Ora, ora, o resto também era dela, concordam comigo? (Amigos, vocês não tem noção da satisfação que é, quando se anda na verdade, a mentira sempre nos desgoverna, ao passo que a verdade nos governa, e nos dá direção, e andar na verdade é a maior riqueza que uma pessoa pode ter. Eu me sinto feliz por ter andado nela pela vida afora. Naquele momento ali, na frente daquela pobre mulher eu cresci e, sinceramente, senti muita pena, muito desgosto em meu coração por ter saído do mesmo ventre que aquela mulher).
Queridos leitores, dando prosseguimento àquela constrangedora visita, vamos ao próximo passo. Minha filha e eu logo pressentimos que estávamos em desvantagem ali: Primeiro, a casa era da minha irmã. Segundo, não éramos bem vindas. Terceiro, entre minha irmã estavam seus dois filhos adultos, como a dizer pra nós: - Vão embora, minha mãe está protegida... Só o que eles não sabiam é que nós também estávamos protegidas e, bem mais protegidas! Estávamos com o Espírito Santo de Deus, em busca de verdade dos fatos e crescemos, não arredamos os pés. Minha irmã falou: - Ele não deveria ter sido padrinho de casamento da filha do meu irmão, ele não deveria... (Minha irmã se referia ao meu marido). Eu fiquei pasma com aquela afirmativa tão descabida e retruquei: - Quer dizer que a senhora está preocupada com isso? Com o fato de o meu marido ter sido padrinho de casamento... Ora, ora minha irmã, a senhora não acha que deveria estar preocupada com a vergonha que a sua filha está causando a senhora e a toda a nossa família? Ao que ela prontamente respondeu: - Mas ela é solteira, né?
Nesse ponto eu já gritava de indignação: - Meu Deus, que Deus a senhora serve? Então, a senhora acha que, pelo simples fato de ser solteira dá a sua filha o direito de destruir uma família inteira, ou seja, destruir a mim, meus filhos, e meus netos... E aí me responde?! A senhora acha isso? Que tudo o que a sua filha fez se justifica porque ela é solteira? Logo em seguida, sentindo uma quentura intensa por todo o corpo, eu explodi: - Minha irmã, que Deus a senhora serve? A senhora conhece os valores morais imprescindíveis, que deve reger todas as criaturas, deste mundo? Valores como decência, respeito, dignidade, gratidão, responsabilidade por nossos atos... É, minha irmã, chego a uma triste conclusão. A senhora é tão pobre quando sua filha e sinto pena da senhora e dela.
Caros leitores, prosseguimos com o diálogo constrangedor. Depois de ter me dito que a filha era solteira, concluí de imediato, que aquela mulher não conseguia ver erros em sua filha, assim, na concepção dela, o meu marido era o único que errava.
Logo depois dessa conclusão, a única coisa que pensava: - Preciso sair daqui, vou vomitar! Meu Deus, que mundo é esse que estamos vivendo?! Quando falei com a minha filha para irmos embora, pois já estava me sentindo mal, minha irmã caminhou conosco até o portão de sua casa. Meu coração parecia que ia sair pela boca, tal o meu desgosto, minha decepção.
De repente, minha irmã disse num tom visível de deboche: - É. Eu só não sei como ela vai aprender a passar as camisas dele. Com aquelas palavras, proferidas por uma mulher que se diz evangélica, eu paralisei, minhas pernas bambearam, engasguei e senti um fogo no corpo inteiro e meu corpo pareceu flutuar uma voz disse bem audível aos meus ouvidos: - Mantenha-se firme e segura. Mostre a essa mulher que você é filha e escolhida do Altíssimo, abre a tua boca, vamos, abre a tua boca. E aí, amigos, algo de extraordinário aconteceu, algo tão incomum que não há palavras para definir.
A única coisa que sei é que meus pés se elevaram do chão, eu me sentia um gigante, e um fogo intenso subiu em meu corpo. Subiu da ponta dos dedos dos pés até os cabelos. Naquele momento eu me senti ousada e poderosa. Não sairia daquela casa, cabisbaixa e pequena. Não. Não sairia. Com custo consegui responder aquela mulher e minha voz audível e com grande autoridade. Eu disse: - Minha irmã, a senhora sabe quando a sua filha passará as camisas do meu marido? Nunca, tá entendendo, nunca! Sabe, por que, minha irmã? Porque sou eu quem passo as camisas dele. Eu. E a senhora sabe o que entendo com esse seu deboche do inferno. "A senhora sempre sonhou com isso, a senhora sempre sonhou, que um dia sua filha tomasse o lugar de sua irmã, que o marido montasse uma casa para ela, e que fossem morar juntos, ou quem sabe, separar-se de mim, e casar-te com a sua filha. Ele alugou um apartamento, e mora sozinho. E por fim eu disse, em tom suave e tranquilo (uma onda de calmaria me invadiu naquele momento).
Minha irmã, embora a maioria dos evangélicos acham que só se tem Deus quando se está frequentando uma igreja, eu tenho que discordar. Veja a senhora, por exemplo, frequenta a igreja há mais de 30 anos e não conhece, tampouco teme o Senhor... E eu, que não frequento a igreja, estou diante da senhora agora, cheia de autoridade do Espírito Santo... E a senhora sabe no que eu acredito? A Igreja de Cristo somos nós, ela está dentro de nós. Nós somos o Templo Vivo do Espírito Santo. Não adianta nada irmos à Igreja física se não temos a Igreja Espiritual.
Quando terminei de falar, o meu corpo parecia uma tocha de fogo, contudo me senti aliviada. Entrei no carro, eu e minha, e fomos para casa.
No caminho para casa, ficamos em silêncio. Precisávamos do silêncio para ter dimensão exata de tudo o que se passava nas nossas vidas. De vez em quando, olhava para a minha filha e meu coração doía, pois sabia o quanto já sofrera (meus filhos sabiam das traições há cinco anos).
Apesar de toda decepção de toda dor que estava passando, havia em mim algo extraordinário, um sentimento de dever cumprida, consciência de saber, que EU havia, durante 40 anos construído a minha história. Ela era minha e ninguém poderia roubá-la de mim. Outra coisa que me faz ficar em paz, é saber quem realmente eu sou: Uma mulher íntegra, poderosa e vitoriosa e que posso sair por aí de cabeça erguida, sem nenhuma vergonha.
Queridos amigos, sinto-me uma sobrevivente da podridão desse mundo torpe em que, infelizmente, vivemos. Mas, pensam que vou desistir? De modo algum. Vou lutar, vou me direcionar para as boas Obras, vou trabalhar, vou sorrir, vou amar e vou me dedicar ao livro que pretendo publicar " A mulher que precisa de todos os abraços do mundo".
OBS: Para aqueles meus amigos leitores que tem acessado a minha história de vida tenho um pedido a fazer: - Por favor, divulguem o meu blog, me ajudem a fazê-lo chegar à mídia, à televisão, enfim, a pessoas certas que possam me ajudar na publicação da minha história.
" Eu pensei em Luciano Huck, será que ele se interessaria pela minha história de vida. Alô Luciano, estou te esperando!..."
Meu email: luizafonseca54@gmail.com

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Minhas obras

Além de escritora, também sou artista plástica.
 Se alguém tiver interesse em meus quadros, entre em contato pelo próprio blog.
 
 
 










Maldição sem causa, não procede.


        Toda pessoa tem o direito de contar sua história e eu, usando de toda verdade e sensatez  decido contar a minha. Assim, viajo  para o meu passado distante, época em que tinha de 7 a 8 anos de idade.

        Nessa narrativa me esforcei  para ser coerente justa e omitir nomes, uma vez que não sei quantas pessoas tiveram responsabilidade na destruição do meu do casamento. Só reconheço duas pessoas, mas DEUS conhece  os envolvidos nesta trama diabólica, e é que fará justiça, pois a justiça dele é na justa medida.

         Queridos amigos internautas, o meu pai era alcóolatra, e minha mãe, não suportando mais viver com ele,  devido aos terríveis maus tratos que sofria, tomou a decisão de sair de casa com os quatro filhos mais novos.

         Eu, meus irmãos e minha mãe, fugindo da fúria de meu pai que estava possesso e bêbado, saímos de casa desorientados. O medo nos consumia. Era uma noite  de tempestade. Minha mãe nos agasalhou como pode, colocou esteiras velhas sobre nossas cabeças e saímos da nossa casa em direção à escuridão da mata. O medo do nosso pai quase nos paralisava mas continuávamos andando, ora nos trilhos, ora dentro da mata. A escuridão da noite nos favorecia mas ao mesmo tempo nos causava um pavor terrível.

          Estávamos encharcados pela chuva e  açoitados pelo vento. Vez ou outra ouvíamos nosso pai rosnando nossos nomes como um cão raivoso, sobretudo o nome de nossa mãe, ele gritava: - mulher, se eu te pego, eu  vou te matar. Quando a voz dele ficara mais audível, sabíamos que ele estava bem próximo de nós, minha mãe nos empurrava para  dentro das moitas e diria baixinho. Quietos, quietos. (Esse tormento não aconteceu só uma vez  em minha infância, mas muitas, muitas vezes).

         Naquela noite, como em todas as noites que aquele tormento ocorria, minha mãe queria, desejava ardentemente chegar a um destino que a salvaria da fúria de nosso pai. A casa da sua comadre e grande amiga.

          Eu, minha mãe e meus irmãos caminhávamos em fila indiana e depois de muito caminhar, exaustos, acoitados pelo vento e encharcados pela chuva, chegamos finalmente à casa da grande amiga comadre de nossa mãe (considerávamos essa mulher uma santa) Todas as vezes que saíamos de nossa casa, fugindo da fúria impiedosa de nosso pai, essa mulher maravilhosa nos acolhia, nos abrigava em sua casa com um carinho extremado, trocava as nossas roupas  molhadas e nos aquecia à beira do seu fogão de lenha, enquanto preparava uma comida gostosa para nós Todos nós e mais ainda a nossa mãe  sentia uma gratidão imensa por essa mulher tão solidária e amiga.

          Numa dessas noites traumáticas, em que meu pai nos escorraçou de nossa casa, aconteceu um fato terrível, fomos dormir e quando amanheceu, todos nós acordamos, menos a nossa mãe. A comadre dela foi até o quarto e se deparou com um quadro nada animador.

           Nossa mãe fazia na cama, imóvel, com os dentes cerrados e os olhos abertos. Quando a vimos naquelas condições, ficamos desolados e desesperados. A comadre de nossa mãe, imediatamente, nos retirou do quarto e pediu que esperássemos nossa mãe melhorar, sentadinhos embaixo da jaqueira. Chorávamos todos juntos, abraçados e dizíamos em soluços: O que será de nós sem a nossa mãezinha. Quem cuidará de nós.

           A comadre de nossa mãe, que era muito ativa, começou  a tomar  atitudes. Pediu a meu irmão mais velho que pegasse o cavalo e fosse até a farmácia busca o farmacêutico (não havia médico na cidade onde nasci naquela época). Meu irmão saiu em disparada, enquanto o pavor e o abandono tomava conta de nós, tão pequenos e indefesos. Naquela época, nossa mãe era nosso porto seguro, nossa riqueza, nosso tudo...

        Uma hora depois, o farmacêutico chegou, examinou nossa mãezinha e disse: - Ela está em choque, está traumatizada, devido a muito sofrimento. O farmacêutico pediu que nós saíssemos do quarto, e esperássemos a manhã inteira, de novo, sentadinhos embaixo da jaqueira. Lembro-me que nos ajoelhamos e oramos a Deus para que Ele curasse nossa mãezinha. O que seria de nós sem ela?

       Depois de muito tempo, fomos convidados a entrar no quarto, minha mãe havia voltado a si, foi melhorando devagar, mas ainda estava muito pálida e fraquinha. Olhávamos com os olhos cheios de lágrimas. O olhar dela para nós era tão triste, tão vazio e tão sem esperança... Era de cortar o coração.

        O farmacêutico aconselhou à comadre de minha mãe, que procurasse um parente, alguém que pudesse ir até lá, na roça e nos socorresse. Então, a comadre chamou meu irmão mais velho, deu a ele um dinheiro, e o mandou a Araruama, para informar a meu cunhado, marido de minha irmã, do ocorrido.

         À tardinha, já com o sol se pondo, meu irmão estava de volta, trazendo meu cunhado com ele (eles chegaram num jipe, que naquela época, era usado como taxi na cidadezinha).

         A comadre expos os fatos para o meu cunhado. Disse que não seria mais possível a convivência de minha mãe com meu pai. Daí, meu cunhado nos levou para sua casa, em Araruama.

       Minha irmã casada a apenas um mês, de repente se viu com a casa cheia (cinco pessoas). Ela deve ter ficado impactada com a situação repentina (e de modo algum tiro a razão dela). Minha irmã nos recebeu, relativamente bem, porém depois de algum tempo as coisas começaram a ficar bem difíceis para todos nós. Meu cunhado e minha irmã logo expuseram à minha mãe as regras e a condição para que ficássemos morando com eles.

Regra nº 1 - Teríamos que obedecê-los e trabalhar, (teríamos tarefas diárias).

Regra nº 2 – Minha mãe teria que ser submissa a eles, ou seja, eles nos alimentavam, nós morávamos na casa deles, então eram eles que ditavam as regras e nos e nossa mãe teríamos que obedecer. Quando acontecia da minha mãe se revoltar e dizer alguma coisa, meu cunhado gritava com ela: - Quem dá o pão, dá o ensino.

Regra nº 3 – Minha mãe saiu para trabalhar como lavadeira em casa de família, afinal teria que ajudar no sustento dos filhos.

Regra nº 4 – Meu irmão mais velho também teve que ir trabalhar num supermercado.

           Sentia muita pena de minha mãe, pois o trabalho era muito duro para uma mulher tão frágil como ela, mas ela suportava tudo calada pois precisava de moradia para seus filhos.

            É triste dizer isso, mas só víamos um pouco de humanidade em nossa irmã nos natais. Nos natais tudo ficava diferente, ela comprava presentes para nós e os escondia. Na véspera de natal, ela colocava nossos sapatinhos na janela e no dia seguinte, quando acordámos lá estavam nossos sapatinhos cheios de presente. Minha irmã dizia na véspera do natal: - Vamos dormir cedo para que Papai Noel possa entrar pelo buraco da fechadura, se vocês estiverem acordados, ele vai embora e não deixa os presentes. Nós éramos tão inocentes que acreditávamos piamente no que minha irmã dizia. (Até hoje vejo o natal como uma data mágica, isto por quê na minha infância só conhecia a alegria do natal).

             Cada dia que passava, mais e mais minha irmã se revolta contra nós, e para nossa tristeza, minha mãe passava todo dia fora de casa, ficávamos, literalmente, nas mãos dela e ela era pessoa mais dura e cruel, que até então havia conhecido. Chegávamos sempre a uma conclusão óbvia: Com a nossa fuga para Araruama trocamos apenas de ditador; na roça era nosso pai; em Araruama era nossa irmã, a nossa ditadora.

           Todos nós tínhamos tarefas diárias a executar e minha irmã exigia perfeição absoluta. Ela, nossa irmã controlava o tempo para sairmos de casa para a escola (cinco minutos) o que não era suficiente, pois a escola focava distante. Assim, o jeito era correr como loucos para chegar à escola antes da batida do sinal. Chegávamos suados, exaustos e esbaforidos. Nossa vida não era, propriamente, uma vida alegre de criança. Vivíamos acuados pelo medo, sobressaltados, pois tudo era motivo para surras e castigo. O passatempo preferido de minha irmã era nos deixar sem comer. Pelo motivo mais banal, ela dizia simplesmente: - Hoje você não vai comer...

            E aquele que fosse escolhido do dia passava o dia todo sem comer, e ainda sentindo o cheirinho bom que vinha das panelas. O que suavizava a nossa fome eram os biscoitos velhos que a minha mãe ganhava das patroas. Tarde da noite nossa mãe nos oferecia os biscoitos e tínhamos que come-los , debaixo das cobertas, em silencio. Abençoados eram aqueles biscoitos velhos que abrandavam a nossa fome e nos ajudava a adormecer.

           Com o passar do tempo minha irmã se tornava cada vez mais desumana e perversa. Um dia jamais esquecerei: Minha irmã mandou fazer um banquinho, a fim de que eu alcançasse a pia para lavar as louças. Depois que às lavei, peguei o pano de prato e, inocentemente joguei o pano de prato no ombro. Para meu azar, minha irmã me observava naquele exato momento. Ela não perdeu a oportunidade para me aplicar uma lição que eu jamais esqueceria. Primeiro ela ordenou que eu tirasse toda a minha roupa, inclusive a calcinha. Quando eu, desesperada pelo medo, perguntei o por que. Ela disse com ar de satisfação: Quero você sem roupa para doer bastante. Fiquei totalmente nua no meio da cozinha. Só pensava: Cadê minha mãe...

              Minha irmã parecia fria e muito calma. Pegou o pano de prato, molhou embaixo da torneira, em seguida, o torceu bastante, até formar um rolo comprido. Então, começou a me torturar. Ela urrava: - Sua porca, agora você vai aprender a não fazer mais isso. Dito isso começou a m surrar com o pano de prato molhado e torcido. Batia no meu rosto, em minhas costas, pernas, braços. Enfim, onde o pano pegava. Ela só parou o terrível flagelo quando eu desfaleci no meio da cozinha. Sentia uma tontura e um gosto de sangue me veio à boca. Lembro-me vagamente dela me arrastando para o quarto e me cobrindo com um lençol. Adormeci, pensando em minha mãezinha, ansiava pelo colo dela... Naquele momento necessitava tanto da minha mãe como do ar para respirar...

              Acordei à tardinha com o corpo estranho, dormente e doía muito. Passei a mão na testa e estava queimando em febre. Dei graças a Deus, quando ouvi os passos de minha mãe chegando do trabalho. Ouvi quando perguntou para minha irmã: - Onde está a minha filha? Ao que ela prontamente respondeu: - Está no quarto. Minha mãe pressentiu algo e correu para o quarto, onde eu queimava de febre com ferimentos por todo o corpo. Minha mãe retirou o lençol que cobria o meu corpinho e deu um grito apavorante: - Você ainda vai matar um filho meu um dia você vai pagar por tanta maldade!

            Depois do desabafo, minha mãe olhou longamente para mim. Seu rosto era de total desamparo. Em seguida, ela se recompôs, encheu uma bacia com água morna e sal grosso, ali mesmo, no meio do quarto e começou a me banhar suavemente. Nunca esqueci: As lágrimas de minha mãe caiam dentro da bacia.

             Na minha inocência de criança eu não conseguia compreender por quê a minha irmã me odiava tanto, a mim e a meus irmãos e esse ódio perdura até hoje, e meu coração doí muito por isso. Minha irmã me amaldiçoava todo o tempo, me chamava de porca, dizia que eu nunca iria me casar por que eu era uma porca (e eu era apenas uma criança).

           Um dia eu perguntei à minha mãe: - Mãe é verdade que eu não vou casar por que eu sou porca? Minha mãe me respondeu com a voz firme: - Filha, maldição sem causa, não procede, tire isso da cabeça, você não é porca e você vai se casar com um homem maravilhoso, terá filhos e netos, será uma pessoa próspera e na autoridade do Espirito Santo, o tempo vai passar e um dia sua irmã terá uma “porca” dentro da casa dela e essa “porca” lhe trará muita vergonha.

           Uma coisa que nos assustava era o fato da minha irmã ter uma espécie de satisfação para fazer o que era mal. Bem, tinha o que chamávamos de Robi Maquiavélico. Durante as madrugadas, como tínhamos hábitos de fazer xixi na cama, ela não dormia, passava toda a noite nos apalpando para ver quem estava mixado. E quando finalmente ela conseguia encontrar um de nós mixado, aí ela exultava de satisfação! Era hora de punir o mijão da forma mais cruel possível. Então, ainda dormindo, erámos arrancados de nossas camas, aos gritos e pontapés. Ela nos arrastava até o tanque, esfregava os panos mixados em nossa cara e, com gritos e palavrões nos obrigava a lavá-los. Ainda sonolentos, com o frio cortante da madrugada, nus, desorientados as lágrimas escorriam pelas nossas faces e a humilhação nos esmagava até a alma. E o pior era a dor de não compreender o motivo de tamanho ódio. Naqueles momentos terríveis nós ouvíamos o choro de nossa mãe. O sentimento era de total desamparo e se a morte viesse, seria um grande alívio para nós.

          Queridos internautas, agora daremos um pulo no tempo. Entrei na fase adolescente, felizmente já não morávamos mais com nossa irmã, éramos livres, finalmente livres. (Nessa época, perdi um irmão dois anos mais velhos que eu, 6 anos era a sua idade, até hoje não sabemos, ao certo, a causa do seu falecimento).

         E, depois de tantos anos de dor, aos dezenove anos, feliz e apaixonada, me casei com um homem maravilhoso. Tivemos três filhos lindos e perfeitos e, ao longo dos anos, à custa de muito trabalho e muita decência nós começamos a prosperar. Eu nunca trabalhei fora, mas ajudava o meu marido sendo econômica, não fazendo exigências de coisas que ele não tinha condições de comprar, estimulando-o a voltar a estudar (ele hoje é um advogado bem conceituado e bem sucedido financeiramente). Eu sempre fui uma mulher inteligente, cheia de talentos para as artes (escrevo e pinto). Sempre andei na minha integridade, nos princípios morais que a minha mãe me ensinou...

             Bem, o tempo passou e quando minha sobrinha (filha da minha irmã que me odeia) tinha mais ou menos vinte anos ela me procurou, foi até a minha casa pedindo que a ajudasse, pois estava doente e não tinha condições de se tratar sozinha. Eu, prontamente, a aceitei em minha casa.

           Cuidei dela com carinho e dei a ela o tratamento médico de que precisava. Afinal, ela era minha sobrinha e eu a amava muito, não consigo precisar o tempo que essa moça ficou hospedada em minha casa, mas creio que foi por três meses mais ou menos,

             Bem, continuando a história, essa moça tinha um noivo que ia visitá-la em minha casa e quando ela foi embora, a mesma estava grávida, e por isso se casou logo em seguida à sua saída de minha casa. Essa hospedagem da minha sobrinha foi mais ou menos no ano de 1988. (Detalhe: minha sobrinha não me convidou para o casamento).

             Passaram-se os anos e em 1999 (não sei se é realmente este ano, pois ainda existe muita coisa a ser desvendada nesta história) minha sobrinha procurou meu marido (advogado) para que ele fizesse a sua separação, meu marido aceitou ajudá-la e foi assim, que juntos tramaram a terrível traição contra mim. Diz o meu marido que ele não queria mas ela o perseguia, usava de todos os meios para seduzi-lo, até que se tornaram amantes. Ainda, segundo o meu marido, isso aconteceu há 15 anos. Fica a duvida e a pergunta que não quer calar. A traição dupla começou a 15 anos? Ou a traição dupla começou em 1988, quando a hospedei em minha casa?

            É tão deprimente para mim concluir que existia no mundo pessoas tão más, que se valem da inocência das pessoas para tentar destruí-las. Hoje concluo que tanto meu marido quanto minha sobrinha são tão pobres e tão podres que chego a sentir pena e nojo deles.

           Caros leitores, vocês se lembram da profecia da minha mãe, com relação da minha irmã sempre me chamar de porca? A primeira intenção da minha sobrinha quando tramou roubar meu marido foi ter um idiota para sustentá-la, isto por quê ela nunca trabalhou, nunca fez nada na vida, sempre foi uma pessoa inútil, porca (sua casa é um lixo), preguiçosa, sem habilidades ou talentos para coisa alguma e, pior que tudo isso, uma tremenda mal caráter. Enfim, este traste não possui competência moral, tampouco espiritual para procurar um homem descompromissado com outra pessoa e se unir a esse homem de modo honrado e decente.

           Caros leitores, meu marido foi embora, mas não foi morar com essa porca, ele alugou um apartamento onde mora sozinho. Sabem por que ele agiu assim? Porque ele morava numa casa limpa, linda e acolhedora. Ele comia muito bem, e suas roupas eram muito bem lavadas e bem passadas. E querem saber mais sobre este arremedo de mulher, ela é feiticeira e todo o tempo agiu com a ajuda do diabo (seu amigo de todas as horas). Não há nessa mulher nenhum temor de Deus, ela não sabe que o diabo só age na vida de uma pessoa com a permissão de Deus. E Deus só dá essa permissão por que a pessoa é escolhida dele e ele quer prová-la, quer ver um crescimento espiritual nessa pessoa. Por tudo isso sou muito agradecida a Deus pela dor que tenho sentido, pela rejeição imposta a mim de modo tão cruel, pela decepção, por ter sido enganada por tantos anos pela pessoa que mais amei e a quem dediquei toda a minha vida.

          Um recado a minha irmã e minha sobrinha:

      Sinto-me vitoriosa, escolhida de Deus, sinto-me em Paz. À noite, durmo o sono dos anjos por que minha consciência está em paz. E vocês, conseguem dormir à noite?

 
          Obrigada Senhor Deus, por ter me mostrado a verdade e que a tua justiça seja feita. Eu te entrego esta causa, sejas tu meu juiz. Obrigada pela dor. Ela me ensinou a ser uma pessoa melhor.


OBS: minha irmã é “evangélica” há mais de 30 anos.

Com grande pesar

Eu, Luiza.






terça-feira, 2 de abril de 2013

MUDANÇA E ATROPELAMENTO

             Gostaria de saber as datas exatas de cada episódio traumático em minha vida, mas não sei precisar com tanta certeza. Tudo o que eu sei é que a separação relâmpago aconteceu às 10h da noite do dia 04/02/13. Desse momento em diante começou todo o meu inferno existencial. Num dia estava casada e noutro dia estava completamente abandonada e sem rumo. Me sentia profundamente ferida e uma dor imensa se apoderava de mim. Com quem chorar? Pra onde ir? Com quem contar?
             Na noite da separação eu me sentia num estado de anestesiamento total. Foi tudo muito cruel e rápido. Não preparação prévia, não houve uma conversa. Nada. Nada. Nunca havia sofrido uma perda tão traumática e tão rápida.
              O homem que eu amara durante mais de 40 anos se revelara para mim como um carrasco, sem emoção, frio e disposto a jogar-me pra fora da vida dele como um monte de lixo que se coloca à beira da calçada para o lixeiro levar no dia seguinte. Aquele homem que eu desconhecia, até então, havia esperado aquele momento durante mais de 40 anos e eu nem sequer desconfiava de nada. É certo que ele já não me beijava mais, não conversava mais comigo. Sua postura era sempre fria e distante mas daí a imaginar que existia uma traição de mais de 15 anos? E com a minha sobrinha?
             Quando eu reclamava de seu comportamento comigo ele dizia que era o stress do dia a dia. Eu sofria muito e me sentia cada dia mais sozinha e infeliz. O meu grande consolo eram os meus netos, as minhas pinturas, etc..
             O meu casamento era a coisa que me trazia mais orgulho ao meu coração. Eu falava dele com admiração e acreditava no amor do meu marido por mim. Amava cuidar da minha casa, das minhas plantas, da decoração, etc. E, de repente, nada mais existia. O porquê das coisas havia se perdido. A melhor pessoa que eu conhecera um dia se tornara a pessoa mais cruel, mais fria e mais covarde que eu tive o desprazer de conhecer um dia. Era um sentimento devastador!
             Quase que imediatamente após a separação eu decidi vir morar em Araruama. Eu necessitava fugir das lembranças que aquela casa suscitava em mim.
            A mudança transcorreu sem incidentes. O meu marido alugou uma casa para guardar o lixo e me deu um carro (acredito que como uma forma de amenizar o remorso ou o desconforto que sentia). Será que sentia remorso ou desconforto?
            Hoje, revendo todos os meus anos de casada, chego a uma triste conclusão: o meu marido sempre foi um homem promíscuo, um homem sujo e depravado, e isso me faz refletir e mudar toda a minha atitude em relação a esse homem que emporcalhou toda a minha vida. Um homem como esse não merecia fazer parte da humanidade.
            Os meus valores foram remexidos. a minha crença no ser humano deixou de ser uma certeza.
Jamais serei o mesmo ser humano que era. Jamais. A traição articulada e premeditada durante tantos anos me levou a uma posição de grande desconforto com relação ao mundo e às outras pessoas.
            Após dois dias da minha mudança, para piorar toda a minha situação, eu e uma amiga fomos atropeladas no centro da cidade de Araruama. Ambas estamos com fissuras na bacia, além de eu ter contatado fratura no cox e na quinta vértebra. Tenho sofrido de fortes dores, não consigo andar  sozinha, a recuperação é lenta e o meu estado emocional tem atrapalhado muito na recuperação do estado físico.
           Tenho duas enfermeiras para cuidar de mim, uma durante o dia e outra à noite. Eu continuo morando em Araruama, meu marido trabalha e mora em Niterói. Ele paga uma das enfermeiras. quanto ao mais continua frio e sem nenhum interesse.
           Eu, por outro lado, tenho agido com ele de maneira carinhosa. Outro dia ele me perguntou:- Você me aceitaria de volta? Eu ainda fiquei cheia de esperança. Então perguntei a ele:- Você terminou com aquela vadia? Ele respondeu: - Não quero conversar sobre este assunto! Na mesma hora fiquei muito irritada, meu filho dizia pra mim que eu não devia me humilhar mais..Eu agora estou refletindo e chegando à conclusão de que não vale a pena. Ele não vai mudar..Preciso assumir uma outra postura e ir em frente.
          Preciso entender que somos bem diferentes em nossos valores: Eu amo a verdade; Ele se compraz com a mentira. Eu amo integridade; Ele usa a falsa integridade como uma capa.
          Preciso acreditar que posso vencer sem ele e vou vencer sem ele.
          Deus me tirou da lama da enganação e da mentira na qual vivi por tantos anos.
          Amei uma pessoa que tripudiava dos meus sentimentos, que desrespeitava o lar que construímos juntos. Eu não vou odiá-lo mas vou devolver a ele a mesma indiferença com que me tratou todos esses anos.

                                                                                                Luiza Fonseca

sexta-feira, 8 de março de 2013


 Olá queridos amigos internautas, quero, primeiramente, pedir desculpas por ter  me ausentado do meu Blog por alguns dias e também aproveitar a oportunidade para lhes agradecer por todas as mensagens de amor e solidariedade recebidas. Devo dizer que essas mensagens têm me ajudado a curar o meu coraçãozinho tão ferido. Obrigada do fundo do coração. Eu os amo muito.
            Queridos amigos, a internet é mesmo um sucesso internacional!  Vejam vocês, 
        já são mais de mil acessos à  minha história. Minha dor já correu o  mundo.  Meu 
        Blog foi visitado em vários países. Isso não é fantástico?!



A Fuga



            Devido aos terríveis acontecimentos de que já são sabedores, eu, Luiza, a mulher que precisa de todos os abraços do mundo, num momento de profundo desamparo, decidi fugir do meu Sítio, em São Vicente de Paula, 3° Distrito de Araruama, RJ. Estava confusa e desesperada, sentia-me envergonhada pela situação. Meu pensamento era "preciso me esconder por uns tempos, preciso refletir no acontecido". A ficha precisava cair ou eu enlouqueceria de vez...

            Fugi do meu Sítio na manhã do dia 24/02/2013. Fato curioso: não me lembro como cheguei à pracinha de São Vicente, não me lembro como peguei o ônibus em Araruama com destino à rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro. Tudo o que eu sei é que cheguei lá, acho que acordei lá. Faltavam 15 minutos para as duas horas da tarde e eu me vi sentada num banco dentro da rodoviária Novo Rio. Eu me lembro que os meus olhos estavam passeando pelas placas luminosas das cidades, colocadas acima dos guichês. Sentia-me aturdida e muito confusa. Orei e pedi a Deus que me clareasse as ideias. Deus me ouviu. Logo tomei pé da situação. Continuei olhando as placas das cidades, sentia-me calma, um oásis invadia todos os meus sentidos. Ali, em meio a  multidão indiferente, pela primeira vez em muitos dias de dor e desamparo, finalmente, um oásis me invadia, tirava toda a minha sede, tirava toda a minha fome. Aí, amigos, eu me senti um gigante, me senti tão forte e poderosa. Meus olhos passeavam, passeavam e pousaram levemente sobre a placa luminosa de S. João Del Rei, MG. Fiquei em silêncio e disse baixinho pra mim mesma: -É pra lá que eu vou. Em seguida, dirigi-me ao guichê e comprei a passagem. Saí às 14  horas da Novo Rio.
          Durante a viagem, eu orei ao Senhor Deus. Pedi a Ele que reservasse um lugar seguro para que eu passasse aquela noite. Fiquei muito tranquila e confiei nEle. Em seguida, acho que cochilei um pouco. Olhei pela vidraça do ônibus e comecei a admirar a paisagem que passava rápida diante dos meu olhos. Uma sensação de bem-estar inundava todo o meu ser. Meu coração já não doía tanto e um raio de esperança surgia, devagarinho, e penetrava em mim como o frescor do orvalho da manhã.
          Amigos, meus familiares não sabiam onde eu estava. Nunca havia viajado sozinha e no entanto, não havia em mim nenhuma preocupação. A viagem transcorreu tranquila, sem incidentes. Tudo perfeito e, finalmente, cheguei a cidade de S. João Del Rei. Não me lembro exatamente a hora. Só sei que já estava escuro. 
          Desembarquei e perguntei a uma mocinha sentada num banquinho, se ela sabia de algum hotel familiar ali nas redondezas da rodoviária. Ela sorriu, apontou em direção à rua e disse: -Ali, ta vendo? "Hotel Pais e Filhos", é só atravessar a rua. Eu agradeci, peguei minha bolsa, atravessei a rua e cheguei ao "Hotel Pais e Filhos" que, para mim começou a chamar-se "Caverna de Elias".
          No dia seguinte acordei cedo, sentia-me melhor, desci para o café da manhã, logo comecei a fazer amizades (sentia muita necessidade de falar) com os donos do Hotel, com os funcionários. Sou muito agradecida às pessoas do "Hotel Pais e Filhos", pelo modo como me acolheram, o carinho e amor que dispensaram a mim. 
          Em todos os lugares onde vou falo do meu Blog. Estou fazendo grandes amigos em S. João Del Rei. Todos têm uma palavra de conforto, um abraço carinhoso. Creio que Deus me trouxe a este lugar. 
         Hoje ainda estou hospedada no "Hotel Pais e Filhos". Aqui sinto-me em casa, tal é o amor com que sou tratada e cuidada. É um grande conforto para mim saber que existe tanta bondade e tanto amor na maioria das pessoas. Graças a Deus por isso...
         Agora vem a parte curiosa da história, da minha história.
         Amigos, sinto um desejo imenso de ficar, definitivamente, neste lugar que e acolheu tão bem. Sinto-me insegura em pensar num novo recomeço na minha cidade. Será desafiadora a vida sozinha, morando sozinha, sem o homem da minha vida, o homem com  quem vivi 40 anos. Vocês conseguem compreender isso? Estou com muito medo.
        Por outro lado, se escolher morar aqui em São João Del Rei, sentirei saudades dos meus filhos, dos meus netos tão queridos e tão amados. Neles estão toda a minha esperança, todo o meu "acreditar" no ser humano. Quero vê-los crescer, preciso vê-los crescer. Eles são tudo o que tenho. Eles são minha carne e minha herança e eu sou a herança deles. Preciso deixar para os meus filhos e netos algo mais valioso do que o ouro e a prata: o meu poder de superação diante da adversidade. Preciso deixar para eles a minha honradez e o meu espírito invencível.
          Um dia os meus netos contarão para os filhos deles: - Minha avó precisou de todos os abraços do mundo e venceu o mundo.


Eu, Luiza
(escrito durante a viagem, em S. João del Rei)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

QUARENTA ANOS DE CONSTRUÇÃO



A PESSOA QUE MAIS AMO
CAVOU UM BURACO BEM FUNDO
E ME JOGOU LÁ DENTRO
ESTOU ME ESFORÇANDO BASTANTE PARA SAIR DESTE ABISMO
EU GRITO, CHORO, MAS É IMPOSSÍVEL
ASSIM, DESISTO, FICO QUIETINHA
E ESPERO QUE A MINHA ALMA VOE PARA LONGE
E ALCANCE A LIBERDADE;
LIBERDADE DOS QUE, COMO EU,
NUNCA ARQUITETARAM O MAL PARA NINGUÉM

Luiza Fonseca

A dor de uma confissão inesperada revelou em mim abismos de desamparos, vales solitários e tenebrosos.  Estou de alma machucada! Como passar por um momento tão crucial?

Essa dor que rasga toda a intimidade da minha alma faz-me descrê no ser humano, no quanto ele é perverso e ardiloso, no quanto ele pode ser cruel e dissimulador.

Essa dor que transpassa minh´alma esmaga-me. E ela diz pra mim: “_ Tá vendo como você é ínfima, pequena, diminuta? Foi tão fácil enganar você...”

Ah, Deus, eu preciso de todos os abraços do mundo!

A rejeição imposta a mim tão covardemente feriu-me de morte no início da minha velhice, num momento em que todos – ou quase todos – tornam-se mais suaves e introspectivos, buscando um contato maior com Deus, já que a hora final avizinha-se de nós.

Agora seria a hora sem hora. Brincar com meus netos, rir com eles, caminhar de mãos dadas, a família unida, todos juntos...

Dormi e acordei tantos, tantos dias tendo como companheiro o próprio Judas. Uma multidão de pecados dormia comigo todas as noites. Morro um pouco a cada dia quando caio na real. Saber que todo o trabalho, todo o esforço de nada valeu. Minha vida de casada foi uma farsa, uma mentira, um engano, um embuste, um dolo...

E agora, como catar os cacos? Como recomeçar, meu Deus?! De onde?

É, meu marido, parabéns! Você sabe fingir muito bem. Nossa, estou impressionada! Você é um grande ator!

Imagina, você viveu 14 anos de sua vida interpretando uma pessoa que não era real, ou seja, vivendo um personagem,. E para que tanto sacrifício? Podia ter sido honesto e me contado tudo. Pra que preferir a enganação?

Durante 14 anos (ou teria sido mais?) você se relacionou comigo contra a sua vontade. Desejava estar com outra quando estava comigo. Quantas vezes você deve ter vomitado às escondidas...

Você talvez não entenda, afinal, nunca foi traído. Não sabe o que é ser traído, a dor que a gente sente.
Me sinto envergonhada, suja, um farrapo de gente, perdida, sem sonhos, morta, culpada.

Não sei como recomeçar.

Não sei que rumo tomar.

Cadê minha auto-estima, meu domínio próprio? Cadê o amor que sinto por mim mesma?

Qual é a saída para mim?

Quanto sacrifício você fazia para dormir todas as noites com uma merda de mulher como eu?

Ah, eu preferia mil vezes que você tivesse me matado. Seria rápido e não doeria tanto.

Mas a vida é assim. Às vezes cometemos erros.

Você me destruiu mas com o tempo vou superar.

Espero que valha a pena ficar com ela, afinal para tê-la você despedaçou muitas almas e corações inocentes. Conseguiria um casal ser feliz com a dor de toda uma família?

Quarenta anos de construção é muita área construída!

Luiza

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013


Sou uma mulher de 59 anos, casada há 40, mãe de 3 filhos e avó de 6 netos. Nasci em Araruama e morei em Niterói durante a maior parte da minha vida de casada. Decidi fazer este diário virtual como forma de aliviar o meu coração tão ferido e também como um conforto para outros corações despedaçados por histórias parecidas com a minha.

Na noite do dia 04 de fevereiro de 2013 meu marido me chamou para uma conversa. Nos sentamos no sofá da sala e fui surpreendida com uma revelação bombástica! Ele disse: “_ Luiza, aluguei um apartamento e estou saindo de casa”. Na hora eu fiquei perplexa, precisei de um tempo para tomar fôlego e logo a seguir a pergunta que não queria calar: “_ Você tem outra pessoa?” Ao que ele balançou a cabeça afirmativamente. O desespero então começava a tomar conta de mim. E eis que ouço a resposta entrando em minha mente já tão confusa: “_ Tem, mas não vou dizer quem é”.

Naquele momento minha filha mais velha deu a volta por trás de mim, foi para o quarto e fechou a porta com chave. Eu corri atrás dela desesperada e me posicionei atrás da porta. Minha garganta estava seca, meu coração batia freneticamente. Foi nesse instante que eu ouvi a voz de minha filha conversando ao telefone com a irmã. A frase que ouvi jamais vou esquecer: “_ Jack, não diga pra minha mãe quem é a amante do meu pai porque ela não vai aguentar, ela vai morrer!”

Ele não teve coragem de me dizer quem era a amante. Foi um covarde. Mas eu sou muito amada. E meus três filhos, juntos, me contaram. Ah, Maysa, meu mundo também caiu. Meu marido estava se relacionando há mais de 10 anos com a minha sobrinha.

Preciso então contar a vocês a minha relação com esta moça ao longo dos anos.

Quando eu tinha 11 anos minha irmã – que também é minha madrinha – deu à luz a uma menina.

Acompanhei bem de perto os primeiros anos de vida da minha sobrinha. Ali, naquele tempo, nutri um amor por ela cheio de cuidados. Ajudava minha irmã a dar banho, cuidava dela, protegia, alimentava, etc...

Os anos se passaram, me tornei adolescente e conheci o grande amor da minha vida. Eu com 15, ele com 19. Vivemos um amor intenso. Me casei no Dia de Reis, um dia após completar 19 anos.

E a minha sobrinha, em questão, está presente nas fotos do meu álbum de casamento: uma criança.

Veio a minha primeira filha, a segunda e o terceiro.

Vivíamos com dificuldades financeiras, lutando por um futuro melhor, mas felizes. Havia amor.

Quando a minha sobrinha tinha 20 anos ela me pediu uma hospedagem em minha casa, alegando estar doente, precisando de minha ajuda. Jamais negaria tal pedido, sobretudo à filha de uma irmã.

Fato é, que ela chegou em minha casa debilitada, precisando de cuidados e foi acolhida por mim, sua tia, e por todos da minha família com muito carinho, atenção e respeito.
Comecei a notar que ela tinha um carinho exagerado pelo meu marido. Mas a minha inocência não permitia que eu visse algo além.

Por cerca de 3 meses eu a hospedei em minha casa. Depois de um tempo ela casou grávida e qual não foi minha surpresa quando não recebi o convite de casamento!

Soube que seu casamento estava marcado e que casaria discretamente, com poucos convidados, devido à gravidez. Tinha por certo ser convidada uma vez que ela havia sido hospedada em minha casa e na minha inocência julgava que os laços haviam sido estreitados. Ledo engano: eu e meu marido não fomos convidados.

Anos se passaram e nenhum contato mais houve entre mim e ela.

Uma observação curiosa: alguns anos depois ela procurou o meu marido, que é advogado, para fazer a separação dela. Fiquei encucada e até mesmo chateada com ele por ter aceitado, afinal ela não teve nenhuma consideração em nos convidar para o casamento dela. Segundo ele, foi aí que ela começou a persegui-lo. Mas hoje, no meio de todo esse turbilhão, já não sei mais em quem acreditar – exceto nos meus filhos e no meu Deus.

Hoje ele está vivendo com ela e eu estou tentando superar tudo isso. Uma sensação estranha, como se eu tivesse me perdido de mim mesma. Pode parecer incompreensível alguém perder-se de si mesmo. Num momento estava bem, noutro desfaleci de mim.

Houve uma morte. Não uma morte como as outras, real e definitiva, mas a morte de minhas partes estruturais. Não sei explicar.

Eu era inteira, completa, feliz... Talvez algo tão necessário na minha alma tenha se partido ou se perdido. Assim, fiquei pela metade. Nunca fui dada a conhecer a podridão do mundo. Preferia pintar o mundo de várias cores, preferia acreditar que o belo, o suave, o frescor era o que de fato valia a pena. Eu amo acreditar nas pessoas, eu amo cultivar jardins para elas, eu amo sorrir, brincar, amar. Não aprisionaria um pássaro porque se assim o fizesse macularia ele.

Acho que todo esse tempo vivi num mundo de fantasia, de mentira. E agora? Como viver no mundo de verdade? No mundo real.

Bom, esta é apenas a primeira página do diário virtual que começo hoje. Um desabafo de uma pessoa cheia de dor. Mas tem muita cor aqui também.

Quero que saibam que não há em mim nenhuma intenção de julgamento, de ódio ou quaisquer forma de vingança ou revanchismo.

Todas as palavras e sentimentos aqui contidos são uma forma de desabafo, de desafogar meu coração e minh´alma.

Amo meu marido e o perdoo. E ele sabe disso. Mas preciso fazer algo por mim.

Amanhã eu volto.

Um beijo.

Luiza